A sua expressão plástica tem vindo a apurar-se, a sua acuidade visual a tornar-se sempre mais e mais precisa. Porém, o fascínio pela mensagem da linguagem estética mantém-se intacto. É que o discurso permanece coeso e íntegro, perseguindo, hoje como ontem, uma verdade continuamente revelada.
No desenho, as paisagens são as do tempo ilimitado. São peregrinações vagabundas por paragens oníricas, erótico-sentimentais, um fascínio quase obsessivo pela fuga curvilínea remetendo para uma espacialidade deliberadamente interminável.
O desenho de Luís Athouguia é a revelação do discurso mais íntimo, enunciando-se pela mão que vai despindo a nudez das folhas em branco; À espera do gesto que as preencha. E, assim, a grandeza solitária das paisagens interiores veste-se de formas caprichosas, que a luxúria prodigiosa da sensibilidade e da imaginação vai criando um pouco em cada dia, um pouco em cada obra.