A sua obra explora um universo pessoal seguindo uma linguagem estética própria que se desenvolve de forma segura, sem por isso se impor. São apenas feitas sugestões e alegorias, sendo quem observa convidado a uma interpretação de elementos nunca dispersos, nunca perdidos em pretensões de sobriedade. A imagética de Athouguia desenvolve-se antes sobre um jogo Dionisíaco de cor e formas que comunicam não através de uma suposta racionalidade mas expondo desejos, impressões e sentimentos.
As cores opacas dançam através de todo o espectro, conferindo vivacidade a uma tela que se divide em diferentes planos. Estes preenchem sempre o olho do observador mas nunca surgem como sobrepovoados ou confusos. A cada forma e elemento é conferido o seu espaço, numa construção orgânica que nasce, respira e estremece sem por isso exigir. Alguns dos elementos que povoam estes diferentes palcos repetem-se em várias instâncias da sua obra, sendo por isso talvez parte da chave que permitirá entender a estética no surrealismo de Athouguia.